Esse conto se passa no interior do Nordeste, em algum lugar do brejo paraibano. O protagonista, Liu, era um garoto de 12 anos, pele morena, que morava em uma cidade pequena, mas passava a maior parte do tempo no sítio chamado Cachoeira. Liu era apaixonado por aventuras e histórias de terror contadas pelos mais velhos. Essas histórias o fascinavam, e ele sonhava em vivenciá-las, sempre buscando novas experiências no sítio.
O que mais empolgava o garoto eram os filmes e séries que marcaram os anos 90 e 2000. Como todo fã de aventura, ele sentia a necessidade de explorar e experimentar essas histórias por conta própria. Quem nunca se imaginou sendo um Power Ranger, um Super Saiyajin, um ninja ou até mesmo um samurai? Tudo isso era inspirador e divertido, mas criar sua própria aventura era um objetivo a ser alcançado. Poder contar essas histórias para os amigos era algo empolgante.
Liu gostava de animais, já que
passava muito tempo no sítio. De todos eles, havia um que ele admirava um pouco
mais: o gato. Sim, o gato, com seus reflexos aguçados, agilidade impressionante
e visão noturna. Liu sonhava em ter essas habilidades e imaginava tudo o que
poderia fazer se as possuísse. Além disso, ele também era apaixonado por artes
marciais, especialmente o karatê. Sempre que podia, separava um tempo para brincar
de luta com seu primo Victor.
Capítulo 1 – A pesca e a lenda da Comadre Fulozinha
Para um bom contador de histórias, ser um pescador já é um ótimo começo. Liu amava pescar e sempre tinha a expectativa de capturar um peixe maior a cada nova tentativa. Mas nem tudo era tão simples. Havia um rio que cortava o sítio, passando próximo à casa onde sua avó morava e se estendendo para muito longe. Pescar perto de casa era fácil e seguro, mas os peixes maiores não ficavam ali. Para encontrá-los, era preciso descer até o córrego – como seus pais chamavam aquele trecho do rio.
Para Liu, pescar sozinho naquele córrego era amedrontador, mas a ideia de enfrentar seus medos o fascinava. O desafio valia a pena. Então, um dia, ele decidiu descer ao córrego sozinho. Conforme se afastava, encontrava paisagens que nunca tinha visto antes. Alguns trechos eram escuros e misteriosos. Em um deles, ele se deparou com uma cobra. O susto foi enorme! Liu saiu correndo, completamente apavorado. Foi seu primeiro grande medo como explorador aventureiro.
Alguns dias se passaram até que ele reunisse coragem para tentar novamente. Afinal, não era todo dia que se encontrava uma cobra, embora isso fosse algo esperado em um sítio. A pesca ainda o divertia, mas agora era apenas um pretexto para conhecer novos lugares e alimentar sua curiosidade. Ele logo percebeu que pescar sozinho nesses locais remotos era perigoso demais. Um acidente poderia acontecer, e como não eram áreas frequentadas, a ajuda poderia não chegar a tempo. Ainda assim, a vontade de explorar era maior do que o medo.
Com o tempo, Liu foi se acostumando com as aventuras e os encontros inesperados com cobras já não o assustavam tanto. No entanto, havia outro tipo de medo que era ainda mais difícil de superar: o medo do desconhecido. Estar sozinho na mata fazia com que sua mente criasse histórias aterrorizantes. E uma delas, que sempre vinha à sua cabeça, era a lenda da Comadre Fulozinha.
A lembrança dessa história surgiu bem no meio de uma pescaria. A concentração de Liu foi completamente abalada pelo pensamento de que aquela entidade mítica poderia estar por ali. Sua imaginação começou a pregar peças. O vento balançava as folhas das bananeiras, e ele tinha a impressão de que algo ou alguém o observava. Quando se é criança, é difícil distinguir realidade de fantasia.
Apesar de sempre ter sido cético quanto a essas lendas, naquele momento sua mente não parava de criar cenários assustadores. A possibilidade de encontrar a Comadre Fulozinha se tornou real para ele. O medo tomou conta, e Liu saiu correndo do córrego, desesperado. Quando finalmente parou para recuperar o fôlego, sentiu-se frustrado. Não havia visto absolutamente nada, e mesmo assim havia fugido. Pela primeira vez, ele entendeu que sua própria imaginação poderia ser sua maior inimiga na busca por aventuras e explorações.
No entanto, Liu não desistiu. Determinado
a superar seus medos, continuou a sair sozinho para pescar, acostumando-se cada
vez mais com os lugares escuros. Depois de muitas idas e vindas, percebeu que
havia vencido vários de seus temores. Agora, sentia-se pronto para um desafio
ainda maior. A verdadeira aventura estava apenas começando.
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